Devolve-me a alma

Sangue insano.
Entraste no meu corpo excessivamente
E seguindo a minha vontade invadiste a minha casa
Arrancaste-me do chão rompendo-me a camisa.
E não tenho quem me cosa.
Traz a minha alma quando voltares.
Devolve-me a camisa rasgada.
Resgata-me do barco no meio do rio.
Eu que fui monotonamente abandonada ao meio-dia.
Que o meu corpo se transforme numa vela
E o vento do meu sofrimento me sopre para longe daqui.
Levarei na aragem o teu perfume, flagrante de mim.
E ficará nas águas o teu rasto distanciando-te de mim.
Sangue insano.
Deixa-me convencer os teus lábios de que dos meus recebes vida.
Desejei um mundo que só posso ver contigo.
Com os meus olhos nos teus, perdi-me de vista.
E não tenho quem me salve.
Resta-me apenas guardar e resguardar o nosso segredo
no escuro do frio,
Da noite antiga que se seguiu.